De voar
(à maneira de guimarães, possível fosse, que rosa não posso)
De arribar sabem as aves, eu não.
Elas voando de muito longe daqui, vindo de muito longe de lá, das dobras do mundo.
De migrar muito sabem as aves, eu não.
O itinerário do possível de ir-se, fosse voando, de coisa assim não atino, pouca a minha ciência.
Eu não, que pavor muito me pesa.
De almas leves, aves de bastante arribar, crianças ainda, de claro falar,
que sendo pedra de dizeres ásperos, às vezes, é assunto que minha idéia tem.
De ver-se gente de gentil figura, e galanteios, duvidando de ser-assim,
de vôo de serena precisão, de lonjuras,
pego a idéia de ir fiando o pano, nele lançando o que há-de vir.
O pano tecido de idéias, de não-limites, de sem-bordas.
Quando dou por realidade, já arribei em asas que, agora, de-voar tenho.
Pouso: é firme o chão daqui, lugar de ir-se, e desato risos.
É que posso o de voar. Asas de arribar o sonho.
(Antonina, dezembro/2001)
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