terça-feira, 4 de maio de 2010

Sol, anuncia agora e para sempre a tua sentença,
proclama e incendeia as cores ainda que as paredes sejam nuas.
São os sinais do tempo e do mofo em meu corpo espetado na vida,
corpo de pernas magras e amarelas, e outra luz havia ali em meu corpo.
O que faço com rimas que não chegam
e como enfrento os dias escorrendo lentos e mortais?
E se tenho poucas certezas, o que faço com tuas dúvidas?
Os sinais: são nuas as paredes, mas há cores e gritos,
mas quem ouve os gritos e entende os sinais e mergulha nas cores?
O que faço com meu corpo?
Quem, atento, pode estar presente? Quem vê as cores?
Animais rugem, invadem meus escritos e avançam.
Medo, pavor e certeza, o que pode ser exato?
Seria sempre assim, e será?
Liberto do vinho o álcool seguro e há o torpor azul de frutas vermelhas.
Haveria outro jeito ou outro dia de outra mulher?
Haveria outra?
Incertas as rotas inseguras estou aqui incerto e inteiro e pronto.
Sou exato, aos pedaços, mofo nos meus cabelos,
e outra luz é apenas chama com medo do vento.
Contadas as noites da minha vida,
só posso agora cuidar dos dias que ainda terei.
É assim. Será assim?