POEMAS PARA OS NETOS

Por Paulo Roberto Cequinel

Poeminha para os netos

E o Hiago?
Tão danado o Hiago lá no alto, tão Hiago o alto lá danado,
tão alto o danado lá Hiago, tão meu neto o Tiê lá na nuvem.
O meu menino andaluz sobre as pedras e voa,
e toma a idéia de ir fiando o pano, nele lançando o que há-de vir.
O pano tecido de idéias, de não-limites, de sem-bordas.
Quando der por realidade, já terá arribado em asas que, agora, de-voar tem.
Pousa o meu menino, é firme o chão daqui, lugar de ir-se, e desata risos.
É que Hiago pode o de voar e são suas as asas de arribar o sonho.

E a Luna?
Olhinhos a descobrir o mundo, - o que é novo é muito espanto -,
e tanto, que Luna alumia a lua, mais grande que o sol, em plena luz do dia.
Risos de árvorezinha, e Luna, menininha,
acende as luzinhas todas, principalmente as minhas.
As mãozinhas na terra descobrindo a vida incerta,
ela e seus pirilampos incendeiam minha festa.
Idéias de Luna, só dela, e voa leve.
Tão leve é minha menina, que meu coração vira pluma e, só por ela, bate que bate ternura.
É que Luna alumia a lua, mais grande que o sol, em plena luz do dia.

E o German?
Tanto por mim tem feito, brilha tanto a luz dos seus olhinhos que,
para este meu menino, meu velho coração é pouco, dois ou três preciso ter.
Tomo sua mãozinha e atravessamos o escuro:
seu avô está aqui, meu menino, tudo agora está seguro.
Tanto amo o meu German e suas histórias de sonhos,
que acordo do meu sono desse jeito, assim, igualzinho ao meu menino.
Para que não sinta medo, sonho que posso tudo e voamos, nós dois.
Agora, no vôo dos sonhos dele, tomo sua mãozinha e sinto-me leve,
e sei que estou seguro: meu neto está comigo.
Protegido, posso voar em seu sonho. Sou invencível.
Vô Paulo, 12/11/2007

E João?
Dos netos é o menorzinho, chegou só ontem o Joãozinho,
é pequeno ainda, mas já é danadinho.
Ele é bem assim: gosta de pingüim, de ir ao jardim,
de comer pudim e de falar de mim!
Ele é assimzão: se chama João, e come feijão,
é muito fortão e demais de lindão!
Vejam só que gabola: já vai pra escola, e joga bola,
mas esquece a sacola!
Mas que menino sapeca: rasgou a cueca e quebrou a caneca!
É assim meu menino: come pepino e sabe tocar violino!
E aqui o vovô manda o recado: amo você, menino danado!
Vô Paulo, 12/11/2007

E o Paulo?
O que faz aqui o primogênito?
É que acha bacana, o rebelde congênito,
negar ao comandante o neto que ele reclama.
Pois então escute isso, e tatue na cachola,
não enrola, traga logo o meu neto, é compromisso.
E não seja tão sacana, veja bem,
pois, até onde vejo, você não é nenhum banana.
(Há um poema em gestação para o meu neto, Paulo).
Amo você.
Comandante, 13/11/2007.

E Jean?
Muito cedo, meu menino, tenha calma.
Por enquanto, deixa eu cuidar de você,
e cuida você de mim, que eu preciso,
está na minha alma.
Depois, no tempo certo, vou abraçar e amar teu filho.
Quero ser para você um pouco melhor do que fui para Paulo e Luciano,
e, antes que reclamem, explico: não quero repetir os mesmos erros
agora que tenho a chance de ser um pai um pouco menos imperfeito.
Só por isso valeria a pena ser teu pai.
E eu sou teu pai, para sempre. Amo você.
Pai Paulo, 13/11/2007