sábado, 18 de dezembro de 2010

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


Estas fotos foram tiradas no parque de Águas Claras, DF. O Hiago ainda era pequeno e ele e o amigo cantaram para a natureza, cada um do seu jeito. O Tiê, como indiozinho que é, levou guisos e chocalhos e marcou o tempo, com uma música de xamã que seu pai lhe ensinou. E o amiguinho cantou uma música evangélica, muito delicada. Eu e a Sô ficamos emocionadas.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Poema nº 36



Fosse apois possível, a prosa de guimarães,
ausente a rosa, que não posso: para Antonina


Porto – alembra, pois? A frota de chegadas cargas e na beira, muito e bastante,
se via a gente no fazer, sol-de-brilho, suor de tanto-feito. Assim foi.
Porto – esquecer quem é de?
O barco de ir, para demais longe, e muito e bastantes, se contava gentes no fazer,
mesmo quando as luas-de-azul-clara anunciação alumiando os fazeres, os ofícios. É, se?
Cais, esse, de movida e larga obra e, de tanto, esperando as gentes, des-fazendo, e nada,
e nada de fazer. Se depois, e quando se?
No construído cais, do de mesmo-hoje,
esperar se, de desmorrer, e do largo de sal consumido:
e vem, e vem, e vindo do demais navegar de dias e dias,
o capitão-do-navio, almirante de respeitosa barba:
mouras riquezas, água de outras serventias, engenhos dos de moderna figura.
É, ainda, e se?
Dela, a dama de uns jeitos e por demais de perfumosa, para serviço e gozo,
germanos de terras do quase-fim, se riem de álcool e vício.
Pois, assim?

Paulo Roberto Cequinel

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Por uma infância sem racismo

Para Lia e Luiz

O depoimento que vou fazer agora é em nome de nós dois, Paulo e Sonia. Que estamos encantados, porque vocês nos colocam de uma forma tal que, mesmo que quiséssemos ser modestos, e dizer bondade sua, são seus olhos e outras coisas semelhantes, polidas, que nossas mães nos ensinaram, não conseguiríamos deixar de mostrar no rosto o quanto ficamos felizes. Mesmo! E de como foi bom para nós dois termos encontrado vocês. Desde já os dois fazem parte do nosso grupo pequeno de amigos, aqueles que a gente guarda debaixo de sete chaves, dentro do coração. Porque vocês sim, nos surpreenderam. Com a descomplicação das coisas simples.Com idéias libertárias, com almas de passarinho. E com uma história de vida que merece todo o nosso respeito.
Sejam bem-vindos, novos “velhos amigos”.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Poema nº 26





Seu corpo, terra prometida, terra fértil: na rua suja o anjo promete, eu prometo.
Na rua suja do meu verso o anjo se mostra, voz aberta para o lixo organizado e ocidental.
O tempo apressa e a rua suja do meu tempo se fecha para obras de recuperação.
Na causa limpa do meu pranto o vento caminha livre.
E o sangue se derrama na rua suja do meu medo.
Na rua suja dos meus vícios meu verso se assusta, o meu passo apressa o tempo,
o meu tempo se vende, se veste de concreto a flor sintética,
choram pelo passado esquecido na chuva.
Na chuva azul do meu pranto o esquecimento aquece o cimento morto.
O cimento sujo com meu sangue vai renascer menos duro, mais sentimento.
Na rua suja do meu tempo há o homem destruído.
Na rua suja do meu tempo há o templo construído e aberto para sua fé.
Há também o meu segredo.
Na rua suja pelo tempo, os pássaros se apressam e ganham o medo.
Mas, na memória dos seus beijos, nos cobertores dos seus braços,
no descanso do seu corpo, o tempo perde o sentido, e perde o jogo.
Na metade do meu tempo há o poema esquecido, há a lágrima.
Na mentira de quem feriu o poeta bêbado, o verso limpo e a água calma, há o cimento.
Na pequena porta se abrindo para o norte é mortal o dia.
Somos seres noturnos de vôos cegos e infinitos.