sexta-feira, 18 de março de 2011

O blog do meu neto Tiê

Ele é o mais velho dos meus netos (tem 10 anos). É um menino -passarinho, voando pelas montanhas de Minas , com aqueles ferros e cordas dos alpinistas, e pelas escadas da praça de Itanhandú com seu skate (ai,meu Jesus Cristinho). Gosta muito de ler e é um pequeno bruxo. Esse meu menino sempre morou longe, mas agora tem um blog, que vai me colocar mais perto dele. Estaremos, ainda assim, longe de braços e mãos, mas para a avó é um consolo manter-se informada das suas estrepolias, sonhos, alegrias, nem que seja pela tela do computador. Viva o blog do Tiê.

MP pede desocupação de áreas de risco em Antonina - Correio do Litoral Serviço

MP pede desocupação de áreas de risco em Antonina - Correio do Litoral Serviço

é um, é dois, é três, é Ana, VIVA MARIANA, VIVA MARIANA



Céu azul em Antonina

Amanheceu um dia lindo, quente, de céu azul. Estou feito louca lavando roupa. Ontem tomou posse a nova diretoria da Associação de Moradores do Bairro do Batel. O dia da eleição foi o dia da hecatombe, então a nova diretoria começa como eu, hoje, diante da pilha de roupa suja: arregaçando as mangas e enfrentendo o trabalho. Estamos ali, na frente da Igreja São João Batista, no antigo módulo policial, amanhã, para uma reunião com o Presidente da Câmara Municipal de Antonina, às 17:00 h. Os sócios e moradores estão convidados.

Do URUBLUES, um texto para as autoridades de Antonina

Carta para meus amigos que têm (ou tiveram) algum cargo público em Antonina

Meus caros:

É com dor e tristeza que escrevo estas linhas. Neste momento de caos, não é de bom-tom ficar apontando falhas ou omissões do passado. No presente, presente sério e agudo, temos mortos para enterrar e vivos para cuidar. O presente exige cuidados, e cuidados urgentes. Não é hora de brincadeira nem de reclamação, é hora de ação. Vi agora, pela internet, dos desabamentos no morro da Laranjeira, e soube das enchentes no Maria Luiza e outros bairros. Minha terra se cobre de lama, luto e desamparo.

É com tristeza que vejo se repetir, em Antonina, as muitas tragédias anunciadas do chuvoso verão brasileiro. Também é com tristeza que vejo que as principais vítimas são as pessoas mais simples e humildes, que são induzidas a ocupar áreas de risco.

Antonina é um fundo de baía, cresceu a partir do aterro de mangues. Logo, portanto, é uma área baixa, sujeita a alagamentos. Não é o mesmo problema de Morretes, cujos problemas de enchentes são de ciclo mais curto, isto é, acontecem mais repetidamente. Lá em Morretes, o problema é o Nhundiaquara, que concentra todas as águas da Serra e as despeja como enchente na planície, justamente onde fica Morretes. Em Antonina, por estar sujeita só à ação das marés, as cheias tem um ciclo mais longo, ou seja, acontecem a cada trinta, cinqüenta, cem anos. Perguntem aos mais antigos e teremos uma confirmação de um ciclo de enchentes na cidade.

Quanto aos morros, o problema é outro. Nós ficamos sempre nas franjas dos morros, e só no século XX começamos a ocupar mais intensamente a franja de morros ao redor do morro da Graciosa de Cima, na Laranjeira, no Buraco Da Onça. Do outro lado, temos a região do Batel, o Morro do Salgado, a Caixa D’água. Ali se concentra, majoritariamente, a população mais simples, que vai lentamente ocupando pequenos lotes e construindo suas casinhas.

As encostas dos morros e das serras estão sempre em evolução. Deslizamentos são fenômenos naturais muito comuns em épocas de grandes chuvas. No passado, quando os morros não eram ocupados, os deslizamentos de terra ocorriam e ninguém nem percebia. Quando nós permitimos a ocupação destas áreas, seja por ação, seja por omissão, os deslizamentos de terra deixam de ser fenômenos naturais e passam a ser riscos geológicos. Risco geológico é quando um fenômeno natural causa perdas materiais ou humanas.

Essas tragédias nos pegam de surpresa, são fatalidades do inexorável destino? Nem um pouco. Monitoramento feito pela ADEMADAN e pela UFPR mostra que o morro da Laranjeira é uma área de risco e estava trabalhando com possíveis soluções para a população da área. Para detalhes, clique aqui. Por outro lado, meu amigo Eduardo Bó, reclama, todas as vezes que pode, da implantação de um Plano Diretor em Antonina. É, meu caro Eduardo, coerência as vezes pode ser confundida com chatice mesmo. Já existe um Plano Diretor, feito por pessoas competentes, mas que não sai nunca do papel. Vocês, meus amigos, que tem ou tiveram cargo público em nossa cidade, sabem nos dizer por quê?

Por isso, por tudo isso, reitero a vocês, meus amigos, todos os que têm algum poder de decisão em nossa querida Deitada-a-beira-do-mar: é preciso enxergar esta tragédia com os olhos do futuro, é necessário usar a ciência em conjunto com a cidadania. É preciso implantar um Plano Diretor, é preciso evitar a ocupação de áreas de risco, é preciso ter planos de emergência para as situações de calamidade. Coloco-me a disposição para contribuir neste debate, com meus parcos conhecimentos, em colaboração com outras pessoas que possam e queiram ajudar. Mas que não seja uma “comissão de doutores”. É sempre bom frisar que a comunidade que mora nas áreas de risco tem que necessariamente ser ouvida e ter poder nas decisões que se venham a tomar. Quando eu digo ajudar é de verdade, sem exclusão de pessoas, sem cálculos eleitorais imediatistas. Vamos tentar?



Escrito por jeffpicanco às 15h10

quinta-feira, 17 de março de 2011

Mariana chegou no dia da Tsunami e das Chuvas de Antonina.


...e nós, aqui de casa, nem mencionamos o fato nos nossso milhares de blogs. Estivemos em estado de choque pela calamidade que nunca havia sido imaginada. Mas o pai orgulhoso já postou sua foto no Face e no Orkut, pra todo mundo saber que Mariana é linda, quietinha, saudável. E que seus irmãos João e Catarina estão também orgulhosos dela. E que a mamãe Bia passa bem e está feliz e que, enfim, aí está Mariana. É um, é dois, é três, é Ana, Viva Mariana, Viva Mariana!!!!!!!!

Meu filho Jean e seu Blog

Meu menino escancarou para o mundo sua vida, suas ídéias, seus poemas, suas peças de teatro, sua condição de gay. Ele é mesmo uma pessoa especial. Corajoso e generoso. Está, neste momento, trabalhando voluntariamente para animar as crianças desabrigadas, ele e seus amigos alunos do Brasílio Machado. Meu filho é meu orguho.

terça-feira, 15 de março de 2011

Meu neto e seu blog

German tem 6 anos. Cismou de ter um blog, o vô coordenadas, ele entrou nessa vida ontem. E danou a postar coisas que lhe passama pela vida e pela cabeça desde ontem, e tem127 visitas. Eu tenho esta página desde 2006. O máximo que alcancei num dia foi 38 pessoas. Meu netinho German é um vitorioso. Escreve sobre a sua visão da vida e lá vai o guri, lampeiro. Rumo às estrelas.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Das Chuvas e dos Sonhos em Antonina

Minha querida amiga me olha com seus olhos congestionados de tanto chorar madrugada afora. Ela é, como eu, uma dessas pessoas forasteiras, que veio parar em Antonina e aqui fez sua vida. Fincou os sonhos na ribanceira de um morro lindo, de onde se descortina a baia, esse mar cheio de velas do Náutico, de canoas dos pescadores, de ilhas novas e antigas, e montanhas, e sol... tanta coisa boa de se ver da janela de casa. E foi juntando suas coisas bonitas pra enfeitar a casa. Todos nós, ao vermos pela TV as casas plantadas no alto dos morros brasileiros, pensamos que as pessoas que moram nelas não podem ter juízo, onde se viu, ir morar no alto, onde casas despencam todo verão! Será que não aprendem? Isso, quando passa na TV. Agora, quando você conhece essas pessoas, participa de suas vidas, sabe os motivos - sejam eles quais forem - que levam essas pessoas pro alto das ribanceiras, e vê nesses olhos molhados a desilusão de perder suas coisas juntadas com capricho ou com sacrifício, sua casa construída do jeito que tenha sido, pra ser seu ninho nos dias de chuva e frio, ou de sol , vento, o que seja, sua proteção e descanso quando volta da lida, e então essa casa tem que ser deixada pra trás, então você abandona sua teoria e chora junto. E como minha amiga querida, mulher inteligente, de fibra, forte, hoje derrotada pela chuva, quanta gente chorou. Todos os moradores do Portinho, alguns até à força, tiveram que deixar seu lar e ficar à mercê da boa vontade de todos. Como devem estar frágeis, essas pessoas tão iguais na sua dor. A teoria, tão fácil de se provar com números e cálculos, se desmorona como as casas dos morros sob chuva forte, quando os atingidos são pessoas que conhecemos.

O ORNITORRINCO: Antonina: agrava-se a situação

O ORNITORRINCO: Antonina: agrava-se a situação: "Segundo a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil de Antonina, eis os números, atualizados às 12 horas: Residências danificadas: 300 ..."

O ORNITORRINCO: Saiba como ajudar o povo do litoral

O ORNITORRINCO: Saiba como ajudar o povo do litoral: "Alimentos, leite, água, material de limpeza e higiene, colchões, travesseiros e roupas devem ser encaminhadas para: 1. Supermercad..."

domingo, 13 de março de 2011

Em Antonina, sol, chuva, o coração em suspenso.

Fomos ver, de novo, o local da tragédia de casas perdidas na Laranjeira. Ontem, a prefeitura limpou a rua, retirou as árvores. Hoje, mais barro e mata formavam uma trincheira, quase encostando nas casas do outro lado da rua. Outra casa foi levada pela avalanche de troncos. Os bombeiros, aos poucos vão convencendo os moradores a sairem do local. É muito triste ver como acompanham a retirada dos móveis, os olhos postos nas casas. Ninguém, nem os moradores, nem os curiosos, parecem estar conformados. Só essa tristeza e desesperança. Do outro lado da cidade, ao sul, nuvens carregadas anunciam outra pancada de chuva. O solzinho vai se retirando, reticente. O medo se instala, os grupos se disperçam. Os caminhões seguem carregando móveis e pessoas.
A cidade é solidária, todos estão empenhados em ajudar e ajudar-se. Os que perderam tudo também se movem no sentido de dar um rumo a todo o trabalho. Benditas pessoas. Amanhã será outro dia.